Somos provocados por imagens desde que nascemos. A visão é um sentido privilegiado e sua comunicação com o cérebro, através do córtex occipital, mais rápida do que a de todos os demais sentidos.
Também o banco de memórias associativas da visão é dos mais ricos e a ele recorremos incessantemente, de forma voluntária ou induzida.
Meninos se estimulam preferencialmente pela visão. É importante para eles descobrir a imagem do sexo feminino – a começar pela nudez da mãe, das irmãs, das tias e das mucamas (ver “Casa Grande e Senzala” - Freyre, Gilberto – 1933). Revistas masculinas, filmes eróticos e experiências veladas são permanentes desde a adolescência até a vida adulta.
Não é de estranhar, para as mulheres, que homens lhes peçam para ver esta ou aquela parte de seu corpo. A negativa a tal pedido faz parte do jogo erótico. Assim como o uso de vestuário destinado a estimular o desejo masculino; sem, entretanto, atendê-lo. As transparências, os decotes, a lingerie, são artifícios utilizados pelas mulheres para provocar o jogo que leva os homens a pedir e as mulheres a negar.
Isto posto, devo confessar que gosto de imagens. Gosto de paisagens, quadros, fotos, ilustrações. Gosto de observar movimentos e de ver detalhes. Minha memória visual guia minha imaginação e meu desejo. Não há como fugir de sua permanente sede e sua renitente provocação. Por isso mesmo tornei-me desde sempre um pedinte, vulnerável ao “jogo do não”. A demandar que me mostrem a fatia lunar de um seio, ou um precipício de impenetráveis prazeres...
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