quinta-feira, 14 de junho de 2012

Fofo!

            
                                                               
-- Fofo! Você é um fofo, Perito!

“Arrrrgh!”, pensei. Fazia meses que eu andava estregue aos encantos dela, tentando abrir meu espaço com aquela garota. Meus malabarismos mais notáveis eu aplicara com denodo... e agora isso. Que contrariedade!

Não é que não gostasse dela. Gostava, e muito. Quando eu a vira querer abraçar o mundo, ou dançar e cantar imitando Shakira (“uma Shakira negra”, ela dizia, sublinhando a sua morenisse). E depois – quando percebi a inteligência, a rapidez e a qualidade da companhia – retornei mais vezes para vê-la. E então primeiro a estimei, e depois a quis.

Assim, toda vez que ela precisara de uma troca de idéias para afinar seus conceitos e quebrantar suas dúvidas, lá estava eu, disposto a sublimar os meus desejos, oferecendo uma parede com a qual ela pudesse treinar o seu colorido “pok ta pok”.

Mas ela confundira gentileza e querer bem com fofura... e isso queria dizer que o objetivo de te-la, de come-la, de faze-la, estava postergado para sempre... Sabia eu, por filosofia e experiência, que não havia caso de cordeiro transformar-se em lobo. As uvas, por sinal, estavam absolutamente maduras, mas em um galho que eu não conseguia alcançar.

E o que eu faria, então, com meus sonhos? Com os dedos que lhe enfiaria? Com o apertar de seios e nádegas? Com o esfregar de ventres? Com as mil e uma posições nas quais eu a penetraria... na frente, atrás, pelos lados, por cima e por baixo? Diacho!

E ela seguia o passo e o ritmo, fazendo de seu Perito gato e sapato; enrolando-o desde o miserável dia em que dissera que a queria. Banhando-se, perfumando-se, abrindo-se e fechando-se. Dançando e rodando nas baladas. Cantando nos karaokês, apertando-se pelos muros da cidade. Masturbando-se e gemendo em voz alta. Tornando-se a cada dia a mulher que eu queria ter; aberta, ansiosa e exposta. Mas alcunhando-me de Perito, Pero queridito, meu fofitcho – e todas essas coisas que desmoralizam qualquer sujeito em busca de um contacto mais físico, de um cheiro, de um amasso.

O assunto perturbou-me tanto que acabei confessando-me com um amigo feticheiro. “Ora, meu caro ...” disse-me ele “... seja o que ela quer. Seja o boneco de pano, seja o seguidor complacente, seja um desses aios ao pé da ama, sempre pronto a servir ao seu escárnio e às suas zombarias... Verás que isso abrirá um espaço por onde poderás enfiar-te e, nela, enfiar tua verga.” Tão seco, esse meu amigo... Não entendia que, nesse maldito caso, a tal “verga” não se enfiaria assim, mas assado...

Procurei outras respostas. Repassei mentalmente nossos diálogos, os tons de nossas conversas, os momentos em que ocorriam viradas e viragens. E desisti. Me restava apenas tornar-me, sem mais reclamações, a fofura dela.

E assim fomos avançando o relacionamento. Não mais falei de minhas mãos segurando-lhe as nádegas, nem de meus beijos nos seus seios. Admiti ser um fofo, enfim; um doce Winnie-the-Pooh, cujo pirú não aparece nem na mais extravagante cena.

E lentamente nossa situação física foi mudando. E quanto mais eu me comportava legitimamente como um bichinho de pelúcia seu, mais ela me abraçava candidamente, mais se esfregava em mim, mais me beijava enternecida...

Comecei a surpreender-me com tantos carinhos, algumas vezes até duros carinhos, que chegavam a magoar-me a pele. Mostrava-me as coxas e, alguma vez, um seio e seu mamilo escuro, criando intimidades. Enquanto isso, falava-me coisas instigantes naquele ta-ti-bi-ta-ti infantil, como se eu fosse um cachorrinho...

Um dia, depois de muito carinho e esfregação, não pude disfarçar uma ereção. Ela, é claro, notou. E imediatamente se pôs a castigar-me com palavras, mas não com gestos... Não sei como, pegou no meu pau e inciou uma adorável punheta, sempre repreendendo-me a ousadia (que era obviamente dela). Depois, culpando-me por seu estado, levou minha mão à sua boceta. “Ah, Deus, esta boceta divina que desejei por tanto tempo explorar...” pensei. Uma boceta gloriosa, de pelinhos curtos e textura nobre... molhando-se cada vez mais... enquanto ela me dizia “Que feio, fofitcho... fazendo isso... que maldade... isso não cabe aqui...” enquanto apontava, em sequência, para meu pau e para a bocetinha dela... Até que resolveu aproximar um do outro.

Com graça levantou as saias e cavalgou-me. Fez uma pequena cena de arrependimento e fingiu uma dorzinha quando sua boceta começou a engolir meu pau. Enquanto mexia-se, dizia-me palavras afetuosas usando todo o vocabulário que as meninas usam quando brincam de bonecas. Até que foi apressando o trote, apressando e multiplicando as palavras que agora eram um murmúrio onde eu apenas conseguia distinguir as palavras “Perito” ou “Perrito”. Gozei junto com ela, com delicadeza, como corresponde a um fofo. Suprimi com astúcia e eficiência o meu grito de vitória, substituindo-o por um ronrono agradecido.

Separou-se de mim, despulando com a graça que lhe é característica. E repreendendo-me “Que feio, Perito... agora está todo sujo... precisa de um banho...” E, de fato, deu-me um agradável banho de banheira, com sais e tudo mais. Lavou-me o pau com carinho, mas não deixou-me passear as mãos pelo corpo dela, -- que eu imaginara lindo e que, ao vivo, era mais lindo ainda. Enxugou-me, penteou-me, vestiu-me e pediu que a esperasse no sofá da sala, como Titia fazia nos áureos tempos.

Sentado e comportadinho, ouvi o chuveiro enquanto matutava sobre minha alegre aventura. “Está tudo muito bem!” confortava-me. E, mais importante, confiava no futuro de nossas possibilidades. E, estando absorto nos meus pensamentos, não percebi a chegada dela, perfumosa e contente. Ficamos ali, trocando algumas palavras que nada tinham a ver com nossa mui recente brincadeira. E ela então disse-me que eu devia ir embora. E obedeci.

Agora nosso relacionamento está assim: ainda conversamos bastante; e rimos também. Às vezes ela encontra uma forma de passarmos das conversas ao namoro. Algumas ali mesmo no sofá da sala; outras no quarto; outras ainda na banheira. Não sei como faz, mas sabe faze-lo com fluidez. Esse salto quântico dá sempre bons resultados eróticos. Não cessa de repreender-me. Mama-me o pau com a bela boca carnosa e retribuo o favor chupando-lhe a saborosa boceta. Manda que me comporte, enquanto encontra uma forma de receber-me de quatro, requebrando as ancas e aiando como sabe que me apetece. E eu retribuo, retribuo, retribuo, agradeço a Deus e não reclamo.

E, progredindo bastante, não vejo a hora de debruça-la sobre minhas pernas e pintar uma sinfonia de palmadas que há tempos está a merecer aquela bunda malcriada.

Perov = 14jun12

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