quinta-feira, 12 de julho de 2012

Manoela e Joaquim


Manoela e Joaquim, amigos para sempre, passeavam pela orla depois de entornar algumas tequilas. O papo estava sem direção até que Manoela atirou:

-- Na próxima encarnação quero vir boazuda, loura, gostosa, burra... e me casar com um fazendeiro rico....

-- Ahhh, na próxima encarnação eu quero vir garoto de programa, com um daqueles paus cinematográficos, que nunca dormem...

-- É... a gente podia atá ser amantes...

-- E matar o fazendeiro rico... Que tal?

-- É....

Mais alguns passos e mais alguns risos.

-- O problema, Manu, é que gosto de você assim. E sendo burra, tendo outra cabeça, você seria outra pessoa...

-- É, mas sendo bonita e gostosa não ia ter que me preocupar em ser inteligente...

-- Mas, hummm... não é só a inteligência...

-- Vai dizer que é esse corpão? Haha... já usei muita minissaia, mas agora não...

-- Né não, Malu... acho que é a tua natureza, tua maneira de ser. Tem a ver com tua inteligência? Sim, mas tem algo mais: atitude, sinceridade, rapidez e um certo aventurismo...

-- Aventurismo, rapá? Que isso!

-- É...aventurismo. Falta de medo, peito aberto...

-- Peitão?

Manoela tem esse dom de fazer Joaquim rir; em qualquer circunstância, desarmando qualquer pensamento mais heavy note.

-- Puxa, Manu... sério... Você pode até ter essa casca aí que você quer, mas ser você.

-- Bem... não acho... a casca é parte do ser, entende?

-- Como a arquitetura de certa maneira determina a engenharia?

-- É senhor Joca... mais ou menos.

-- Mas qual a graça de ser a aquela mulher que você quer ser sem ser essa mulher que você é, pra ver, observar, mexer, fazer fazer?

-- Aí a mulher gostosona, bunduda, peituda que eu quero ser não ia ser... porque a mulher que eu sou ia ficar forçando ela a fazer coisas que não seriam da natureza dela...

-- Você quer dizer que você não seria ela... futz! Acho sem graça essa dona reencarnada.

-- Mas você seria um garoto de programa, pauzudo, forever... o par perfeito... ia gostar mesmo da mulher boazuda e burra.

Andaram mais um pouco... Joaquim pensando, pensando, e depois dizendo.

-- Me interessa é você assim... esse teu abraço, essas tuas qualidades incríveis... essa dona reencarnada não me surpreenderia... quer dizer, esse tipo de gente não me atrai... não me atrai loura-maromba... nem é questão de não ser inteligente... não sei lidar com essas donas.

-- Mas esse eu assim e esse você assim não transam nem mesmo catam. Acho que to procurando algo mais excitante numa ficção.

-- Sei, Manu... somos melhores amigos... e isso é demais. Acho que você está ficcionando pensando num aqui-agora que só seria possível numa história de reencarnação... Na verdade, essa conversa é apenas um divertimento.

Mais alguns passos e Manoela se manifesta.

-- É sim... um divertimento.

-- Na verdade, eu acho uma porra essa mulher que você quer ser... e meu pau de pilastra não está nem aí.

-- Opa!

-- ..............

-- .E se eu fosse uma odalisca no harém dum xeique?

-- Não serve também. Pode ser mais fantasista, mas não serve...

-- ...............

-- Mudando de assunto, Manu, você fica por cima e esborracha o cara que está embaixo?

-- Me movimento bastante.

-- No sexo tântrico a mulher, a deusa, fica sempre por cima. Não é bem comandando... é dividindo a responsabilidade do gozo dos dois.

-- Parece bom. Mas de lado também é. De lado, de quatro... não gosto de me limitar.

-- Tem uma coisa que eu gosto demais em ti, que é o astral, o bom humor sempre, desanuviado.

-- Legal, somos os dois assim, um com o outro.

-- Esse teu bom-humor, Manu... você ri quando transa?

-- Às vezes...

-- E conversa quando transa?

-- Assuntos picantes.

-- Não... to dizendo conversas em geral. Às vezes uso isso pra prolongar, segurar a onda. Às vezes sai naturalmente... Tipo cata-conversa-cata-conversa...

-- Sem tirar?

-- É... sem tirar.

-- Sem ficar gago?

-- Hahah... porra, Manu, aí sái....

-- Não sou perfeita, tenho falhas... haha.

-- Tem nenhuma não, Manu... vem cá...

Seguiram conversando abraçados, os melhores amigos de sempre.

Perov=12jul12

Nenhum comentário:

Postar um comentário