Manoela
e Joaquim, amigos para sempre, passeavam pela orla depois de entornar algumas
tequilas. O papo estava sem direção até que Manoela atirou:
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Na próxima encarnação quero vir boazuda, loura, gostosa, burra... e me casar
com um fazendeiro rico....
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Ahhh, na próxima encarnação eu quero vir garoto de programa, com um daqueles
paus cinematográficos, que nunca dormem...
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É... a gente podia atá ser amantes...
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E matar o fazendeiro rico... Que tal?
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É....
Mais
alguns passos e mais alguns risos.
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O problema, Manu, é que gosto de você assim. E sendo burra, tendo outra cabeça,
você seria outra pessoa...
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É, mas sendo bonita e gostosa não ia ter que me preocupar em ser inteligente...
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Mas, hummm... não é só a inteligência...
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Vai dizer que é esse corpão? Haha... já usei muita minissaia, mas agora não...
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Né não, Malu... acho que é a tua natureza, tua maneira de ser. Tem a ver com tua inteligência? Sim, mas tem algo mais: atitude, sinceridade, rapidez e um certo
aventurismo...
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Aventurismo, rapá? Que isso!
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É...aventurismo. Falta de medo, peito aberto...
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Peitão?
Manoela
tem esse dom de fazer Joaquim rir; em qualquer circunstância, desarmando
qualquer pensamento mais heavy note.
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Puxa, Manu... sério... Você pode até ter essa casca aí que você quer, mas ser
você.
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Bem... não acho... a casca é parte do ser, entende?
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Como a arquitetura de certa maneira determina a engenharia?
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É senhor Joca... mais ou menos.
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Mas qual a graça de ser a aquela mulher que você quer ser sem ser essa mulher
que você é, pra ver, observar, mexer, fazer fazer?
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Aí a mulher gostosona, bunduda, peituda que eu quero ser não ia ser... porque a
mulher que eu sou ia ficar forçando ela a fazer coisas que não seriam da
natureza dela...
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Você quer dizer que você não seria ela... futz! Acho sem graça essa dona
reencarnada.
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Mas você seria um garoto de programa, pauzudo, forever... o par perfeito... ia
gostar mesmo da mulher boazuda e burra.
Andaram
mais um pouco... Joaquim pensando, pensando, e depois dizendo.
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Me interessa é você assim... esse teu abraço, essas tuas qualidades
incríveis... essa dona reencarnada não me surpreenderia... quer dizer, esse
tipo de gente não me atrai... não me atrai loura-maromba... nem é questão de
não ser inteligente... não sei lidar com essas donas.
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Mas esse eu assim e esse você assim não transam nem mesmo catam. Acho que to
procurando algo mais excitante numa ficção.
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Sei, Manu... somos melhores amigos... e isso é demais. Acho que você está
ficcionando pensando num aqui-agora que só seria possível numa história de
reencarnação... Na verdade, essa conversa é apenas um divertimento.
Mais
alguns passos e Manoela se manifesta.
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É sim... um divertimento.
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Na verdade, eu acho uma porra essa mulher que você quer ser... e meu pau de
pilastra não está nem aí.
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Opa!
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..............
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.E se eu fosse uma odalisca no harém dum xeique?
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Não serve também. Pode ser mais fantasista, mas não serve...
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...............
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Mudando de assunto, Manu, você fica por cima e esborracha o cara que está
embaixo?
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Me movimento bastante.
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No sexo tântrico a mulher, a deusa, fica sempre por cima. Não é bem
comandando... é dividindo a responsabilidade do gozo dos dois.
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Parece bom. Mas de lado também é. De lado, de quatro... não gosto de me
limitar.
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Tem uma coisa que eu gosto demais em ti, que é o astral, o bom humor sempre,
desanuviado.
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Legal, somos os dois assim, um com o outro.
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Esse teu bom-humor, Manu... você ri quando transa?
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Às vezes...
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E conversa quando transa?
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Assuntos picantes.
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Não... to dizendo conversas em geral. Às vezes uso isso pra prolongar, segurar a onda. Às vezes sai naturalmente... Tipo cata-conversa-cata-conversa...
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Sem tirar?
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É... sem tirar.
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Sem ficar gago?
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Hahah... porra, Manu, aí sái....
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Não sou perfeita, tenho falhas... haha.
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Tem nenhuma não, Manu... vem cá...
Seguiram
conversando abraçados, os melhores amigos de sempre.
Perov=12jul12
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