quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As Palavras


As palavras
Quando as escrevo
Leio
Ou com elas penso
São também as pausas
Entre elas.

Ao editar as palavras
Edito também o espaço
Entre elas
Imagino-as ditas
E o som que têm
Quando da minha boca se projetam.

Posso dizer que de palavras sou feito
Olho meu braço e digo: “braço”
E assim por diante faço
Até que amorteço completamente
Minha existência corpórea
Indo direto ao espaço da mente
Onde tudo são palavras
Tão-somente.

15SET10

Um comentário:

  1. Com palavras me ergo em cada dia!
    Com palavras lavo, nas manhãs, o rosto
    e saio para a rua.
    Com palavras - inaudíveis - grito
    para rasgar os risos que nos cercam.

    Ah!, de palavras estamos todos cheios.
    Possuímos arquivos, sabemo-los de cor
    em quatro ou cinco línguas.
    Tomamo-las à noite em comprimidos
    para dormir o cansaço.

    As palavras embrulham-se na língua.
    As mais puras transformam-se, violáceas,
    roxas de silêncio. De que servem
    asfixiadas em saliva, prisioneiras?

    Possuímos, das palavras, as mais belas;
    as que seivam o amor, a liberdade...
    Engulo-as perguntando-me se um dia
    as poderei navegar; se alguma vez
    dilatarei o pulmão que as encerra.

    Atravessa-nos um rio de palavras:
    com elas eu me deito, me levanto,
    e faltam-me as palavras para contar...

    Parabéns Poeta!
    Um beijo!
    Thea

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