As palavras
Quando as escrevo
Leio
Ou com elas penso
São também as pausas
Entre elas.
Ao editar as palavras
Edito também o espaço
Entre elas
Imagino-as ditas
E o som que têm
Quando da minha boca se projetam.
Posso dizer que de palavras sou feito
Olho meu braço e digo: “braço”
E assim por diante faço
Até que amorteço completamente
Minha existência corpórea
Indo direto ao espaço da mente
Onde tudo são palavras
Tão-somente.
15SET10
Com palavras me ergo em cada dia!
ResponderExcluirCom palavras lavo, nas manhãs, o rosto
e saio para a rua.
Com palavras - inaudíveis - grito
para rasgar os risos que nos cercam.
Ah!, de palavras estamos todos cheios.
Possuímos arquivos, sabemo-los de cor
em quatro ou cinco línguas.
Tomamo-las à noite em comprimidos
para dormir o cansaço.
As palavras embrulham-se na língua.
As mais puras transformam-se, violáceas,
roxas de silêncio. De que servem
asfixiadas em saliva, prisioneiras?
Possuímos, das palavras, as mais belas;
as que seivam o amor, a liberdade...
Engulo-as perguntando-me se um dia
as poderei navegar; se alguma vez
dilatarei o pulmão que as encerra.
Atravessa-nos um rio de palavras:
com elas eu me deito, me levanto,
e faltam-me as palavras para contar...
Parabéns Poeta!
Um beijo!
Thea