segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mudar o Passado

Perco muito tempo querendo mudar o passado; em ser feliz imaginando ter tomado uma decisão certa no passado. A fantasia começa sempre pelos dois operadores lógicos “se-então”, por “e se [tal coisa] então tudo seria perfeito”. Obviamente não posso mudar o passado; mas, mesmo assim, tenho essa fantasia aqui e ali.

Não seria mais adequado agir para que o futuro fosse melhor? Claro! Mas que trabalho daria! Que investimento de razão e energia eu teria que fazer... Que atitude revolucionária tomar a história em minhas mãos... E, no entanto, tenho tudo que seria necessário para determinar meu futuro: a experiência com os erros cometidos e os recursos acumulados, que me permitem caminhar pela estrada.

É fácil tomar a decisão acertada depois de tudo ter acontecido. Se fosse possível prever, com precisão, quais riscos se concretizariam efetivamente durante uma travessia, as seguradoras marítimas estariam falidas. Trabalhar com o passado como se fosse o presente se assemelha à atitude do armador que resmunga, depois de cumprida a viagem sem intempéries, porque comprou um seguro que, no fim das contas, provou-se desnecessário... E, no entanto, nos entregamos constantemente a esse inútil exercício... E se?...

Creio que a inteligência animal se especializa na sobrevivência – isto é, em dominar o futuro. Mas sou obrigado a rever esta certeza toda vez que vejo a mim, ou ao outro, empenhando-se em mudar o passado... [A não ser, é claro, aqueles que manipulam a história, ao arremedo de “1984”. Mas isso é outra estória...].

20SET10

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