Nestes dois últimos dias tive dois prazeres: a leitura de uma crônica de Rubem Braga ("O Sino de Ouro") e ver, novamente, "Sete Noivas para Sete Irmãos".
Embora distintos em profundidade e alquimia, foram prazeres que entre si guardam certa relação. A crônica bem escrita do Velho Braga, como tantas outras crônicas que dele já li, revela-me o inefável, a possibilidade de um "falar com Deus", e envergonha-me em minha pretensão de escritor. Me faz recordar um poema de Pessoa, tal a forma como me arranca de mim e me eleva; mas também me recorda de um bendito dia em que, acanhados e amadores, abrimos um show porreta do Edu Lobo na PUC do Rio de Janeiro...
Já o "Sete Noivas..." recorda-me os dias de matiné com minha mãe, quando ela buscava mostrar-me essa mágica do encontro da dança com a música e o canto. Com ela aprendi a juntar todas as artes e a compreender uma através da outra. Com ela também aprendi a encantar-me com o teatro e o cinema, e com todos os ofícios que constroem um espetáculo. Não por acaso era dela o livro de Rubem Braga do qual li a crônica, assim como eram dela os livros de Pessoa, de Eça, Lorca e tantos outros que agora se aprumam nas minhas estantes.
No final desses dias em que li e vi, fiz uma volta possível ao mundo feliz em que toco minha alma e ela voa, dona de si, para onde quer...
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