terça-feira, 13 de julho de 2010

FETICHES (Primeira Parte)


Minha irmã e eu nos damos muito bem desde pequenos. Na verdade, somos os melhores amigos um do outro. De maneira que, há algum tempo atrás, quando ela separou-se do marido calhorda, preferiu vir morar comigo ao invés de retornar à casa de nossos pais. Nosso apartamento é grande e confortável; temos a facilidade de nos fazermos companhia quando desejamos ou tratarmos de nossa vida, quando é o caso. Na maior parte do tempo, nossa troca de confissões e amabilidades – da qual decorre uma intimidade cúmplice – precipita toda sorte de influências recíprocas. Assim, foi natural que a combinação de nossa curiosidade nos tenha levado, os dois, a fazer parte de um mesmo grupo de fetiches.

No princípio, entrávamos numa sala de bate-papo de um provedor e ficávamos observando as conversas e fazendo algumas molecagens. A maioria dos que freqüentavam a sala era séria; isto é, encarava seriamente seus fetiches. Eu ficava entre aqueles que se divertiam com as preferências bizarras dessa maioria; enquanto minha irmã gostava de trocar salamaleques góticos com dominadores e escravas.

Deu-se então que fomos convidados a um encontro num bar do Centro e lá fomos "conhecer" os conhecidos. À primeira vista, éramos apenas um grupo falador que tomava cervejas, uísque e o que seja, e trocava idéias, identificando cada qual o que lhe aprazia mais. Uns confessavam alguma ambigüidade, dizendo-se “switchers”, enquanto outros declaravam abertamente sua preferência por castigos físicos que envolviam “clamps” aplicados aos mamilos ou corretivos a golpes de vergasta. Havia também um pequeno grupo de pessoas delicadas, apreciadoras de pés, que se tratava a sussurros e miúdos risos. Foi com esse pessoal que minha irmã se enturmou melhor.

Com tantas novidades, o tempo passou veloz. A poucos instantes da hora de partir, quando todos já estavam etiquetados conforme suas preferências, uma das participantes abriu uma maleta e dela retirou várias peças e brinquedos utilizados em seções de toda ordem: algemas com e sem proteção; argolas e pregadores; lingerie exótica; e assim por diante. Feitas as escolhas e pagos os pertences, fomos indo dali aos poucos, caroneados alguns, a pé outros, não sem antes combinarem os coordenadores um novo encontro, agora na casa de um deles.

Naquela noite ficamos acordados até mais tarde, falando de nossos desejos e fantasias e comentando cada personagem que havíamos visto no encontro. Fiquei feliz em perceber que a animação da minha irmã a fazia esquecer os maus tratos dispensados pelo ex-marido, e deixei-me convencer a ir ao próximo encontro.

Poucas vezes vi minha irmã tão bonita e “soigné” como na noite em que iríamos ver novamente nossos conhecidos da sala de fetiches. Era fato, portanto, que essa nova porta havia aberto o caminho para que sarasse sua alma e se renovasse. Perfumados e prontos para o novo, lá fomos nós para o Parque Guinle, local onde ficava a casa do encontro.

Já na curva da Rua Campo Belo foi difícil prosseguir. Saltamos do carro e entreguei as chaves ao valet que me abriu a porta. Dali prosseguimos a pé por uns cem metros até a mansão onde nos aguardavam. Fomos recebidos com a gentileza própria do grupo e rapidamente nos pusemos a passear pelas salas, observando os demais convidados e participando de algumas conversas.

Em dado momento, algumas seções se iniciaram. Aqui um dominador e suas escravas se exercitavam; ali uma escrava cadela servia ao seu senhor; mais adiante, como num palco, um dominador atava sua escrava usando da complicada arte do "Sokubaku" ("bondage" japonês). Também observamos uma domme disciplinar seu escravo, que implorava por atenção. Finalmente fomos parar numa saleta onde havia um belo sofá e, nele reclinada, uma conviva que esticava o pé para um admirador sentado numa banqueta à sua frente. Minha irmã cumprimentou e foi cumprimentada. E em seguida reclinou-se também no sofá, esticando o pé. Todos fizeram “ahhh”. O pezinho de minha irmã é perfeito e, desde pequeno, estou acostumado a comparações com o meu pé de lavrador, de modo que achava comum aquele pé adorável – opinião que, agora, era obrigado a rever.

O podólatra que prestava homenagem à mulher que antes ocupava sozinha o sofá, imediatamente tornou-se para minha irmã que, feliz, deixou que ele iniciasse o ritual em seu pezinho direito. Curioso, e disposto a não deixar que minha irmã provocasse ressentimentos, puxei célere outra banqueta e fui imitando meu colega na adoração ao pé da moça temporariamente abandonada. Quando estava a meio, notei o olhar de fúria que minha irmã dirigia ora a mim, ora à minha parceira. E vi que não era propriamente furiosa que minha irmã estava: ela estava sofrendo de ciúmes de mim!

Achando curioso o ciúme de minha irmã, pedi para trocar de banqueta e par com meu colega, que teve que ceder diante das evidências. Pude, então, divertir-me com ela, enquanto observava o par contrariado a meu lado. E também pude me iniciar: primeiro acariciei o pé de minha irmã, lenta e completamente; depois beijei-o, continuando pelos tornozelos. Na medida em que fui subindo meus carinhos a saia que cobria as coxas de minha irmã foi-se abrindo, até que pude ver, embaraçado, o “V” das calcinhas.

Surpreendi-me, então, com uma ereção incontrolável e minha irmã, percebendo o que estava acontecendo, baixou o pé e começou a pressionar meu pau duro. Mais um minuto e nos levantamos e caminhamos em direção ao primeiro corredor. E assim que nos sentimos longe das vistas dos demais, nos abraçamos e apertei minha irmã contra a parede enquanto ela usava as coxas para excitar-me ainda mais. Fomos nos amassando um contra o outro, cada vez mais angustiados. Apertei seus seios, procurei sua boceta com os dedos, enfiando-os por debaixo da calcinha e conseguindo abri-la e esfrega-la; enquanto isso, minha irmã palmeava meu pau e, com habilidade, conseguiu pô-lo para fora. E ficamos ali, nos masturbando, até cansar e gozar.

Antes de voltar ao lugar de antes, ajeitei-me como pude, tendo algum sucesso. Levando minha irmã pela mão, acudimos à saleta, onde o mesmo casal havia terminado o ritual de podo. Minha irmã sentou-se lado a lado com a outra mulher, trocando risos e abraçando-se. Percebi, então, que já se conheciam; e que lhes dava gosto deixar os basbaques acompanhantes sentindo-se excluídos. Havia um traço de vingança nos olhos de minha irmã, e de cumplicidade também, quando, levantando-se as duas, ela pediu-me para irmos embora, dando uma carona à amiga.

13jul10


Para A/, que antes foi R/.


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