terça-feira, 13 de julho de 2010

FETICHES (Segunda Parte)


O nome da amiga de minha irmã é Lara. O nome de minha irmã é Pérola, mas nós náo gostamos dele. Faz tempo que combinamos que Pérola se chamaria Sayuri. É que minha irmã se parece a uma gueixa – pequenina, delicada, olhos e cabelos negros, curtos e picados. Quando está triste Sayuri passa os dias de olhos baixos, deixa crescer os cabelos e fica num canto lendo ou pensando na vida, enrolada num quimono que dei de presente quando a re-batizamos. Naquela noite Sayuri estava esplendorosa. Parecia mais alta, embora conservasse o estilo “mignon”, e seus olhos faiscavam, tornando insignificantes as outras mulheres à sua volta. Só assim pude encontrar uma explicação para minha súbita atração por ela. Mais tarde iria entender que o incesto, em si, é um fetiche; mas isto é uma outra história.

Lara é o inverso quase de Sayuri. O rosto eslavo e os cabelos muito louros, cacheados e volumosos, combinam bem com as ancas generosas. Ri com facilidade; uma gargalhada dobrada e gostosa. Não a vejo tendo as mudanças súbitas de humor que caracterizam a personalidade de Sayuri. Penso que é sempre divertida, externalizando um bom-humor “topa-tudo” sincero e verdadeiro, ao contrário de Sayuri, cuja vida interior é muito mais intensa que seus modos comedidos.

Logo que saímos do encontro, Sayuri e Lara trocaram algumas palavras e me disseram que iríamos todos para a nossa casa, tomar um “night cap”. Não tugi nem mugi, absorto que estava na tentativa de explicar e desculpar o que havia acontecido comigo e minha irmã. E enquanto as duas conversavam animadamente, eu, sozinho na frente, ia dando tratos à bola que me suavizassem o percurso.

Quando chegamos, atirei as chaves para um lado e perguntei o que poderia servir. Sayuri preferiu um licor de menta e Lara um Black. Trouxe as bebidas e desculpei-me – tinha que tomar um banho. Ao retornar à sala, peguei as duas abraçadas e trocando um beijo. Já não havia mais espaço para surpresas; apenas para constatações. As duas me viram estático e riram, chamando-me para que me acomodasse no sofá junto a elas.

Sem cerimônia, Lara colocou o pé no meu colo – um pé gordinho, diferente do pé mais magro de Sayuri, tanto no desenho como na proporção dos dedos. Fingi que não percebia a insinuação e me pus a conversar sobre as seções que havíamos presenciado. Minha irmã calou-me com um beijo na boca e começou a apertar-se contra mim. Vi que Lara se excitava e que Sayuri a mantinha à distância e percebi o nervo psicológico do ménage que se anunciava.

Dali por diante minha irmã Sayuri e eu nos servimos da ansiedade de Lara, nos alimentando de sua angústia. Lara procurava algum tipo de troca, deixando-se dominar para merecer carinho e atenção. Debalde: quanto mais enxergávamos sua necessidade, mais a atormentávamos com nossa negativa. Criávamos situações em que acenávamos com um possível conforto; para ao fim negá-lo e iniciar um novo ciclo de excitação e sublimação.

Foi assim que Sayuri me comeu, sentada sobre meu pau, enquanto fingia que daria alguma trégua para que Lara se saciasse em algum momento. Ordenava que Lara se virasse e mostrasse as nádegas abertas, dava-lhe palmadas, mas sequer a masturbava. Segurava meu pau duro e o mostrava a Lara e, quando esta estava por fazer algo, Sayuri o abocanhava e a afastava. Quando notava que Lara se masturbava, dava-lhe esperanças com um beijo lascivo, que parava à meia, interessando-se por outra coisa.

Por fim, após ordenar que Lara nos adorasse os pés – inclusive o meu horrendo exemplar – Sayuri inciciou uma seção de castigos, aplicando tapas na pele alva de Lara, deixando-a avermelhada por toda a parte. Juntei-me à minha irmã nos castigos até que percebi que estava dando um enorme prazer a Lara, que se excitava a cada momento em que minhas mãos estalavam nas suas nádegas. Enfurecido por ter sido pego na lorota, pedi que Sayuri prendesse Lara, de quatro, aos pés de uma mesa de centro que, virada ao contrário, parecia uma roda. E, assim, da forma mais cruel, enfiei-me no ânus de Lara, com tal violência que arranquei-lhe gritos. Enquanto isso, minha irmã Sayuri empanturrava-se com a cena, agindo às vezes como um maestro, às vezes como um pintor. Deleitava-se com a dor tornada prazer tornado dor; bebia em minha fúria; e masturbava-se esfregando-se por todo lado em qualquer superfície.

Terminamos ali, exaustos e malditos, e também benditos. E, assim que pudemos, explodimos numa gargalhada a três que fechou bem fechada a nossa jornada; como deixou aberta a porta para outras. Satisfeito, não precisei de mais explicações ou justificativas para o incesto. Bastava-me saber que minha irmã estava feliz e provavelmente curada do casamento mal sucedido.

Dormimos e acordamos os três juntos, em abandono. Levantando-me primeiro, trouxe um suco de laranja para cada uma. Enquanto bebiam, me perguntava se conversaríamos sobre o que ocorrera. Uma das alternativas seria prosseguir como se nada houvesse acontecido. Essa era a minha alternativa. Entretanto, como se a noite não tivesse terminado, Sayuri puxou Lara para si e deu-lhe um beijo. E, atraído inexoravelmente para o redemoinho daquelas duas, lá fui eu servir de escravo novamente.

13jul10


Para A/, que já foi R/

3 comentários:

  1. Neste momento desejei ser Sayuri, não a irmã, mas a mulher... Desejei, ardentemente, fazer parte destre triângulo!

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  2. Neste momento desejei ser Sayuri, não a irmã, mas a mulher... Desejei, ardentemente, fazer parte destre triângulo!

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  3. A idéia de um triangulo já não me atrai tanto qto a possibilidade de conhecer esse 'irmão' tão dedicado.

    Sua fã, acredite!

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