sexta-feira, 4 de junho de 2010

De Novo a Magrela


Quando Magrela ligou-me eu levei um susto. Fazia tempo que não me telefonava. Andava pelos matos lá dela, recarregando baterias, passeando os pensamentos por Deus sabe lá que paragens. Não sei por que, mas quando penso nessas paragens da Magrela lembro-me de um verso do Salmo 23, e depois de outro – algo a ver com águas tranqüilas e campos verdejantes e, aí, passo para ungir o corpo com óleos e fazer transbordar o cálice. Cazzo de cabeça a minha!

Esse comboio de pensamentos me veio à mente logo que atendi o telefone e reconheci a voz de Magrela. E tive que ser sacudido por dois ou três alôs antes de entrar na conversa. E a conversa era boa – Magrela me informava que nossa amiga de São Paulo estava disponível e queria ver-nos lá. Gritei “Finalmente!” e passamos aos detalhes do encontro porque estas raras oportunidades são de pegar ou largar.

Assim, fiz rapidamente a compra das passagens e reservei hotel pela Internet, ansioso por fazer acontecer. Enquanto empacotava alguns trecos e roupas na mochila (entre eles um torturante livro do Saramago, um tubo de K&Y e uma camiseta velha que não largo) ia pensando num outro projeto – o da Suruba Rave de Lu Ferreira. Esse ia ser mais complicado, já que o pessoal tem medo de se expor em grupo ou receia não gostar dos parceiros de putaria; mas ia me consolando fazendo as contas de que já teríamos mais essas duas amigas – a Magrela e a outra – como participantes... Mas isso é outra história.

Voei e cheguei. Imediatamente me instalei no hotel - um flat lá nos Jardins - e parti para ver minhas amigas. Nos encontramos num bar da Lorena. Quando cheguei, Magrela e nossa amiga (chamêmo-la Raquel) já lá estavam, sentadas a uma mesa bem escolhida. Mulheres são craques na escolha e isso de deixar aos homens a responsabilidade de encaminhá-las para aqui ou acolá só pode ser um ardil destinado a fazer-nos sentir que comandamos algo ou para que nos sintamos inseguros e frágeis. Por isso eu sempre contra-ataco, seja chegando mais tarde – como no caso – ou me detendo à porta, distraído com alguma coisa, e deixando que passem à frente.

Pois bem. Que alegria! Nós três somos o verdadeiro Cirque du Soleil. Depois de séculos de conversas via recadinho ou pelo MSN, conseguimos a proeza de nos encontrarmos no real. Poucas vezes vi Magrela tão resplandecente. Acho que a beleza particular de minha amiga, em contraste com as curvas da estrada de santos de Raquel, fazia um pendant perfeito para as ondas de desejo e ternura que percorriam velozes a minha epiderme (uma frase descomedida, mas adequada).

Em minutos ficou confirmada a intenção do trio, já propagada em bate-papos e conversas na Internet. Pagamos – paguei eu ou dividimos? – a conta e nos largamos para a noite agradável de São Paulo (essa história de garoa é grupo ou nome de banda). E seguimos nos empurrando para lá e para cá até que – surpresa! – acabamos na portaria do meu hotel, tomando o primeiro carro na ascendente – três alíseos de braços dados.

Ao chegar ao quarto, caímos direto no sofá. Mal contive a lembrança de Titia – presente sempre que há um sofá por perto e o cantar luxuriante de um pandeiro na cuca. Bem disposto como um tuga, busquei espaço entre as duas musas – em carne-e-osso y otras cositas más. De passo, apertei um seio de Raquel e logo encontrei a mão de Magrela – que me diz que sou sensível, mas que tenho a sutileza de uma pata de elefante. E mais uma vez minha amiga ensina-me a ser um dom como corresponde.

Estranho isso de uma sub ensinar a seu dom como comportar-se. Mas, na verdade, é mais comum do que se pensa. Doms são prepotentes até que encontram a escrava que, com doçura, inteligência (e os indefectíveis olhos baixos), ensina-lhes a serem melhores. E é isso que Magrela sempre faz comigo. Não importa quantos “PVs” eu desenhe em sua pele – é ela que assina seu nome entre as minhas espáduas.

Teimoso, alcancei a boceta de Raquel sobre a calcinha. E novamente encontrei a mão de Magrela, como uma silenciosa negativa. Suspirei e dei espaço. Raquel, então, ficou de pé e, com simplicidade e segurança, tirou o vestido preto pela cabeça de um movimento só, para a contemplação de Magrela e minha. Depois tirou calcinha e sutiã, nessa ordem; e sentou-se suavemente entre nós.

Foi, então, nossa vez. Magrela e eu ficamos de pé, de frente para Raquel. E, mesmo sem igual destreza, nos desvencilhamos de nossas roupas. Neste momento surpreendi o olhar constatador e apreensivo de Raquel pregado no “PV” inscrito no ventre de Magrela. “Ah, como é especial este momento em que as supostas conversas fiadas entre fakes mostram a sua cara de verdade...”, pensei. E fui, com Magrela, ladear nossa amiga no sofá – os três pelados e agora rindo.

Seguindo os ensinamentos de Magrela, dediquei-me à minha parte do quinhão: a anca e o seio esquerdo de Raquel. Na anca, esfregava meu pau; no seio. dava beijos e pequenas chupadas. Enquanto isso, deliciava-me com a visão do contraste da pele alva e prístina de Raquel com a pele morena e tatuada de Magrela. As duas beijavam-se daquela forma que homem nenhum consegue – firmes e resolutas e, ao mesmo tempo, doces e afetuosas, saboreando os lábios e as línguas. A mão e os dedos de Magrela tocavam a boceta de Raquel, ora traçando círculos em volta dos grandes lábios, ora penetrando onde era mais sensível a mucosa.

Depois de algum tempo dessa diversão, em que teimei em imaginar o prazer que Josielly estava perdendo por recusar um ménage com Magrela, trocamos de posição. Fui para o meio de minhas duas amigas, sendo atendido em minhas fantasias, sem precisar pedir ou negar. Raquel e Magrela trabalharam em mim o quanto e como quiseram. Até que, não agüentando mais o suplício que tanto prazer trazia, antes que gozasse puxei Magrela para que sentasse no meio.

Ah, minha Magrela. Os seios bicudos que me deixam sempre calentado... Puxei-os bem forte e usei das palmas das mãos para dar-lhes tapas e avivar as cores. Enquanto isso, Raquel servia a boceta de Magrela com um consolo que tirara não sei de onde, ao mesmo tempo em que lhe esfregava as partes duras e moles com firmeza e descaramento. Ela também sabia da tendência submissa de Magrela e a fazia sua escrava, disciplinando-a para o prazer de nós três.

O trio possuía-se muito bem. Cada qual tirando e dando o máximo de suas habilidades em benefício de cada um dos demais. Até que, gemendo baixinho, como corresponde a uma submissa de verdade, Magrela não mais conteve os espasmos e gozou até que foi-se aquietando e finalmente nos agradeceu com beijos e carícias. Então, foi a vez de Raquel ser devidamente supliciada pelas sucessivas penetrações com seu próprio consolo. Sorvi-lhe a alma pela boca enquanto Raquel gania e chorava pedindo que lhe arrebentássemos os orifícios – ela, também, tendente à submissão.

Finalmente chegou minha vez e Magrela, sabedora de meus desejos, primeiro mostrou-me meus pertences: os bicos dos seios, a boceta, o ânus e, é claro, a tatuagem que lhe fiz a frio, com minhas iniciais. Em seguida, ajoelhou-se a meu pé, de olhos baixos, e aguardou que eu acenasse que sim. Sentou-se então no meu pau, de frente para mim. Sabia que era com imenso prazer que eu via os grandes lábios engolindo o membro ansioso. Raquel, agora ajoelhada a meu pé, dava suporte às costas da amiga e a ajudava a equilibrar-se no movimento de ir e vir.

Tratei de conter-me o mais que pude. Mas há sempre um limite, além do qual não passamos. E aí gozei com a supremacia de um touro. E pude ver, no rosto de Magrela refletido, o prazer que nos dávamos na arremetida. Neste momento, Raquel alçou-se e veio nos abraçar. Como se quisesse segurar o momento com seu corpo. Terminamos os três, exaustos, caindo do sofá e descansando no tapete.

Depois que minhas amigas foram embora, cada uma tomando o seu destino, pude avaliar como é estranha essa vida. Quantos de nós poderíamos ter tido a mesma experiência se não ficássemos encasulados nas nossas cidades, nas nossas vidas, na nossa “normalidade”. Feliz, agradeci de olhos fechados à divindade que teria nos levado à realização de nosso poder, virando de potencial em cinética a energia que nos tinha embotados. Em seguida abri o laptop e mandei nova mensagem aos integrantes da Suruba Rave de Lu Ferreira.

[15out09]

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